É uma alternativa mais barata, sustentável e fácil de reciclar. Durante décadas, o lítio foi o rei indiscutível das baterias recarregáveis. De telemóveis a veículos elétricos, a sua alta densidade energética e eficiência tornaram-no o padrão mundial. No entanto, o seu domínio pode estar em risco devido a um avanço científico que colocou o sódio, um elemento muito mais comum e acessível, no centro das atenções como seu possível sucessor.
Investigadores da Universidade de Surrey (Reino Unido) fizeram uma descoberta que pode representar um salto decisivo no desenvolvimento de baterias de iões de sódio, uma alternativa mais barata, sustentável e fácil de reciclar do que as atuais baterias de lítio. A descoberta, publicada na revista Journal of Materials Chemistry A, mostra que manter água dentro do material hidrato de vanadato de sódio (NVOH) duplica a capacidade de carga e prolonga a vida útil das baterias, em comparação com os modelos tradicionais.
«O óxido de sódio e vanádio é utilizado há anos e normalmente é submetido a um tratamento térmico para eliminar a água, pois acreditava-se que ela causava problemas», explicou o Dr. Daniel Commandeur, da Surrey Future. «Decidimos desafiar essa suposição e o resultado foi muito melhor do que esperávamos», acrescentou.

Produz água doce
Além de melhorar o seu desempenho energético, esta tecnologia oferece a vantagem de poder ser utilizada para dessalinizar água do mar. O mesmo processo que permite armazenar energia também pode eliminar o sal da água, o que abre a possibilidade de projetar sistemas híbridos que geram eletricidade e água potável ao mesmo tempo. De acordo com a Interesting Engineering, o Dr. Commandeur afirmou que «poder usar vanadato de sódio hidratado em água salgada é uma descoberta realmente emocionante», «Isso demonstra que as baterias de iões de sódio podem fazer mais do que apenas armazenar energia: elas também podem ajudar a produzir água doce».
Um passo em direção a uma energia mais sustentável
O sódio é abundante, económico e distribuído de forma equitativa por todo o planeta, o que o torna uma opção muito mais sustentável do que o lítio. Como explicou James Quinn, diretor executivo da empresa britânica Faradion, à BBC, «É necessária 682 vezes mais água para extrair uma tonelada de lítio em comparação com uma tonelada de sódio. Essa é uma quantidade significativa». Além disso, o avanço de Surrey poderia reduzir a dependência global do lítio e das cadeias de abastecimento controladas principalmente pela China, promovendo um mercado de armazenamento de energia mais equilibrado e resiliente.
