O astrónomo Zicheng Zhang captou esta imagem com o telescópio Discovery no Observatório Lowell, no Arizona 3I/ATLAS é o terceiro objeto estelar descoberto fora do Sistema Solar. Naturalmente, isso torna-a um objeto de interesse para cientistas, astrónomos e amadores, que acompanham atentamente a sua trajetória, na esperança de descobrir mais sobre a sua composição, origem e comportamento, incluindo alguns momentos incomuns, como o aparecimento de uma cauda temporária. A última notícia é uma nova imagem capturada na quarta-feira pelo investigador Qicheng Zhang com o telescópio Discovery no Observatório Lowell.
A imagem surpreendeu pelo facto de mostrar um brilho verde, e a cometa interestelar parece não ter cauda, mas há uma explicação que não tem nada a ver com as fantasias do astrónomo de Harvard Avi Loeb, que desde este verão — 3I/ ATLAS foi descoberta em julho — afirma com toda a seriedade que a 3I/ATLAS pode ser uma nave espacial alienígena com intenções hostis, e encontra uma resposta surpreendente na mídia.
Voltando à realidade, as cometas nem sempre têm cauda. Ela aparece quando o núcleo se aquece o suficiente para sublimar substâncias voláteis, ou seja, quando o gelo e outros materiais da cometa passam do estado sólido para o gasoso ao serem aquecidos. Este fenómeno ocorre perto do Sol — onde 3I/ATLAS se encontra agora, após atingir o seu periélio — a máxima aproximação ao Sol — em 29 de outubro — e liberta gases que podem ser detetados pelos astrónomos. Tal como acontece com a maioria das cometas que se aproximam do Sol, a cauda da cometa é mais brilhante quando observada através de um filtro verde.

Zhang utilizou o filtro para detetar partículas de carbono diatómico -C₂-, que emitem luz verde. Ele observou que a cometa contém muitas moléculas grandes compostas por carbono e hidrogénio, que se decompõem quando expostas à radiação ultravioleta do Sol. Quando isso acontece na cometa, alguns fragmentos moleculares decompõem-se em dois átomos de carbono ligados, ou seja, carbono diatómico, que é facilmente detectado pelos astrónomos pela referida luz verde que o C₂ produz quando excitado pela radiação solar.
Este é o mesmo fenómeno que ocorreu em setembro, quando foi detectada uma mudança na sua luminosidade, que passou de vermelha para esverdeada. Naquela altura, isso era visível sem o uso de um filtro especial, porque a cometa estava mais ativa e emitia mais gases, mas agora a atividade diminuiu. A segunda característica da imagem, a ausência da cauda, tem uma explicação mais simples. Como explicou Zhang numa entrevista à Live Science, na verdade, a cauda ainda está presente. Pode-se notar que o lado esquerdo da cometa é um pouco mais brilhante do que o direito. Essa assimetria se explica pelo facto de vermos a cauda alinhada com o núcleo e ficando para trás, curvando-se ligeiramente para a esquerda. Em outras palavras, a aparente ausência da cauda não é algo incomum.
