Eles procuram flores silvestres em risco de extinção e o que encontram é um inseto «diabólico» até agora desconhecido

As pequenas pontas em sua cabeça foram a razão do seu nome. Os investigadores encontraram-no enquanto procuravam uma planta local chamada «Marianthus aquilonarius» A identificação de uma nova abelha nativa da Austrália surgiu durante uma expedição destinada a localizar flores silvestres em perigo de extinção. O inseto, denominado Megachile lucifer num artigo publicado na revista Journal of Hymenoptera Research, destaca-se por pequenas protuberâncias faciais que lhe conferem uma aparência singular e reforçam a necessidade de estudar com maior precisão os polinizadores locais.

A investigadora Kit Prendergast, ligada à Curtin School of Molecular and Life Sciences, detectou esta espécie enquanto analisava a presença da Marianthus aquilonarius, uma planta extremamente vulnerável que só prospera na Bremer Range. Nesse ambiente, observou como vários exemplares visitavam tanto a flor ameaçada como um mallee vizinho, o que despertou o seu interesse científico. Os pequenos «chifres» que a fêmea apresenta foram a característica que mais chamou a atenção da especialista. Conforme explicou Prendergast em um comunicado à imprensa, “a fêmea tinha esses pequenos chifres incríveis no rosto”. Esse detalhe inspirou a escolha do nome Megachile lucifer, que alude ao termo latino portador de luz e, ao mesmo tempo, faz referência à aparência particular do inseto, sem alterar a descrição taxonómica.

Uma descoberta apoiada pela análise genética

A equipa confirmou através de técnicas de ADN que os machos e as fêmeas pertenciam à mesma espécie e que não havia coincidências com exemplares documentados em coleções de museus ou em bases de dados anteriores. Este resultado sublinha a relevância da investigação, uma vez que é a primeira incorporação a esta linhagem de abelhas em mais de 20 anos, um período que evidencia a escassez de estudos centrados nestes polinizadores. Prendergast também apontou que a ausência de protocolos exaustivos em diferentes atividades extrativas representa um risco para espécies que ainda não foram descritas. Segundo ele, «muitas empresas de mineração ainda não realizam estudos sobre abelhas nativas», o que poderia levar ao desaparecimento de insetos essenciais para a reprodução de plantas ameaçadas e para o equilíbrio dos ecossistemas.

A vulnerabilidade do ecossistema australiano

A coincidência geográfica entre a nova espécie e o Marianthus aquilonarius levanta questões sobre a possível relação entre ambos. A investigadora alerta que o habitat onde coexistem pode ser afetado por atividades humanas e pelo avanço das alterações climáticas, fatores que obrigam a reforçar as medidas de conservação e a aprofundar os estudos sobre a biodiversidade na região. A investigação sobre a Megachile lucifer contou com o apoio do Atlas of Living Australia e do Goldfields Environmental Management Group. A sua divulgação coincide com a Semana Australiana dos Polinizadores, uma iniciativa destinada a destacar o papel fundamental de insetos como as abelhas e as borboletas na saúde dos ecossistemas.

Silvia/ author of the article

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