Arqueólogo amador encontra na Escócia um anel com mais de 1000 anos que intriga os especialistas A descoberta arqueológica feita por um arqueólogo amador intrigou a comunidade científica da Escócia. O arqueólogo amador, que participava como voluntário em escavações perto da costa norte, encontrou um anel com mais de mil anos em excelente estado de conservação. A descoberta foi feita no histórico monumento arqueológico de Burghead, um enclave considerado um dos centros de poder mais importantes do antigo reino picto entre os séculos VI e X. O protagonista desta descoberta, o engenheiro aposentado John Ralph, de 68 anos, nem imaginava que o seu interesse pela história o levaria a uma das mais notáveis descobertas arqueológicas do ano.
«Recentemente, aposentei-me e vi um anúncio procurando voluntários para ajudar nas escavações em Burghead», disse Ralph à BBC Scotland. «A minha irmã ainda mora lá, e achei que seria interessante, então por que não? Agora estou participando de três escavações diferentes, cada uma com duração de duas semanas». O arqueólogo amador começou a trabalhar com entusiasmo, embora no início as suas descobertas se limitassem a fragmentos de pedras e ossos. «O meu entusiasmo inicial foi um pouco atenuado pela minha tendência para me encantar com pedrinhas brilhantes», confessou ele com uma risada. No entanto, a sua sorte mudou radicalmente quando, ao limpar o chão de um edifício antigo, ele descobriu um pequeno objeto metálico brilhante.
Primeiro, ele encontrou algo parecido com um alfinete, mas, ao remover cuidadosamente um pouco mais de terra, descobriu um anel com incrustações vermelhas que refletiam a luz do sol. Sem suspeitar disso, Ralph acabara de fazer uma descoberta de enorme valor histórico.

Arqueólogo acidental no centro da história
O professor Gordon Noble, arqueólogo da Universidade de Aberdeen, responsável pelas escavações em Burghead nos últimos três anos, foi um dos primeiros a examinar o objeto. «John veio ter comigo e disse: “Olha o que eu encontrei”. Percebemos imediatamente que era algo realmente especial», explicou Noble. «Apesar de o anel ter estado enterrado por mais de mil anos, ainda havia vestígios de uma possível granada fixada nele».
Segundo o arqueólogo, o mais surpreendente nesta descoberta é a sua raridade: «Sabe-se muito pouco sobre os anéis pictos, e a maioria deles provém de tesouros que foram enterrados propositadamente para os proteger. Encontrá-lo no contexto de um povoado é extremamente invulgar». O anel foi entregue ao Museu Nacional da Escócia, onde está a ser investigado com a ajuda de tecnologia de digitalização 3D e microscopia avançada. Os especialistas supõem que ele pode ter pertencido a um líder ou a um guerreiro de alto escalão do antigo povo picto.
Os pictos, um povo misterioso que desafiou o Império Romano
Esta descoberta voltou a chamar a atenção para os pictos, uma civilização que habitava o norte da Escócia no início da Idade Média. Conhecidos pelos romanos como «povo pintado», os pictos eram famosos pela sua destreza militar e resistência às invasões. O arqueólogo Noble lembra que os pictos conseguiram derrotar os invasores anglo-saxões na batalha de Dun Nechtin, uma vitória decisiva que, segundo os historiadores, permitiu à Escócia sobreviver como nação. No entanto, no final do primeiro milénio, os pictos desapareceram dos registos históricos, absorvidos pela cultura gaélica.

Por isso, cada descoberta material relacionada com eles tem um grande valor para os arqueólogos. «Este anel não só liga o voluntário a uma civilização desaparecida, como também abre uma nova janela para o modo de vida de um povo que praticamente desapareceu da história», disse Noble. O anel, encontrado pelo arqueólogo amador John Ralph, é agora considerado um dos objetos mais importantes encontrados na Escócia nos últimos anos. Análises preliminares mostram que ele é feito de uma liga de cobre com detalhes em ouro e pedras semipreciosas, possivelmente granada ou espinélio, materiais que os pictos usavam em objetos de alto status.
Para o próprio Ralph, essa experiência foi inesquecível. «Foi um momento mágico», disse ele. «Nunca pensei que, após tantos dias de busca, encontraria algo que mudaria a nossa compreensão da história escocesa.» Esta descoberta sublinha a importância dos programas de arqueologia cidadã, nos quais voluntários sem formação profissional podem colaborar com arqueólogos experientes e dar um contributo decisivo para o estudo do passado. Como resume o professor Noble: «Às vezes, a paixão e a curiosidade são tão valiosas quanto a experiência de muitos anos. Esta descoberta demonstra isso perfeitamente.»
