Na Suécia, a limpeza torna-se uma desculpa para socializar e cuidar dos espaços comuns. Um costume que transforma a ordem doméstica num gesto de comunidade Na Suécia, limpar não está associado ao esforço nem à preguiça, mas à comunidade. Lá, o Städdag — literalmente «dia da limpeza» — é muito mais do que um dia para arrumar pátios ou escadas: é uma forma de conviver, de cuidar do comum e de fortalecer laços. Em muitas localidades, os vizinhos se reúnem um sábado por mês para varrer, arrumar e tomar café juntos ao terminar.
Este costume tem raízes antigas, mas continua vivo em bairros e urbanizações de todo o país. O curioso é que, longe de parecer uma obrigação, é vivido como uma pequena festa. Música, risos, pausas ao sol e até bolos caseiros tornam a limpeza uma desculpa perfeita para se reunirem. O que começa com uma vassoura acaba por ser um encontro de vizinhos onde cada gesto conta.

A divulgadora finlandesa radicada na Austrália Susanna Heiskanen, autora do blogue «The Nordic Mum», contribuiu para popularizar esta tradição fora da Escandinávia. Conforme publicado na revista «El Mueble», Heiskanen explica que o Städdag é «um dia designado para limpar as áreas comuns, em que os vizinhos se reúnem para cuidar dos espaços partilhados». Uma prática simples que reflete a importância do bem-estar coletivo e o respeito pelo ambiente que define o estilo de vida nórdico.
Para além do simbólico, o efeito emocional é real. Quem o pratica afirma sentir-se mais relaxado, motivado e conectado com o seu ambiente. A limpeza torna-se um antídoto contra o isolamento e uma forma simples de cuidar da saúde mental: o ambiente é renovado e, com ele, a energia do grupo. Adotar algo semelhante noutros países não é tão difícil. Reservar um dia por mês para arrumar em família, organizar uma limpeza coletiva no prédio ou até mesmo partilhar a tarefa com amigos pode transformar a nossa percepção da ordem. Porque, no final das contas, o Städdag demonstra que manter um lugar limpo também é uma forma de se amar.
