A descoberta deste país pode ajudar a resolver o problema global da poluição por espuma de plástico

Anualmente, são produzidas mais de 400 milhões de toneladas de plástico no mundo, mas menos de 10% delas são recicladas. Um dos tipos de resíduos mais resistentes é a espuma de plástico (polistireno expandido), que pode levar séculos para se decompor. Perante este problema, uma investigação da Universidade Nacional da Colômbia (UNAL) revelou uma solução biológica surpreendente: as larvas do verme da farinha (Tenebrio molitor) e do verme real (Zophobas morio) são capazes de consumir e decompor o plástico sem afetar o seu desenvolvimento.

Esta descoberta foi feita por Miguel Fernando Bonilla Amaya, zootécnico e mestre em pecuária pela UNAL, que confirmou essa capacidade após um acidente em seu laboratório. «Um saco com isopor caiu na caixa com larvas e, no dia seguinte, notei que ele estava parcialmente comido», — conta Bonilla.

O papel das bactérias digestivas

A chave do processo está no sistema digestivo dessas larvas. No seu intestino vive a bactéria Exiguobacterium sp., capaz de decompor as longas cadeias de espuma de plástico em compostos mais simples por meio da despolimerização. Este processo transforma parte do plástico em dióxido de carbono (CO₂) e a parte restante em nutrientes que a larva utiliza como energia, sem deixar resíduos tóxicos.

Segundo Bonilla, «cada larva, pesando menos de um grama, pode decompor de 14 a 18 % do seu peso em espuma durante a fase larval». Esta capacidade representa uma alternativa sustentável para o tratamento de resíduos plásticos, especialmente num contexto em que, de acordo com dados do Fórum Económico Mundial, apenas 9% dos 9 mil milhões de toneladas de plástico produzidos desde 1950 foram reciclados.

Experiências laboratoriais: da decomposição do poliestireno expandido à alimentação de peixes

Com o apoio da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNAL, Bonilla e a sua equipa desenvolveram uma experiência com cinco rações que combinavam poliestireno expandido e farinha de trigo. A mistura mais eficaz — 25% de poliestireno expandido e 75% de farinha — permitiu que as larvas crescessem normalmente e mantivessem a sua atividade metabólica.

Na segunda fase, os investigadores utilizaram as larvas como base para a produção de farinha proteica, que foi incluída na dieta dos alevins de peixe branco. Os peixes alimentados com essa mistura demonstraram um desenvolvimento saudável, semelhante ao dos peixes alimentados com farinha de peixe comercial. «Esta descoberta tem um alto valor ecológico, uma vez que a farinha de peixe é extraída da pesca comercial, enquanto as larvas podem ser cultivadas até mesmo a partir de resíduos plásticos», destacou Bonilla.

Rumo a uma economia circular baseada em insetos

Este estudo não só demonstra que as larvas podem decompor biologicamente plásticos difíceis de reciclar, mas também podem ser transformadas em matéria-prima para a aquicultura, fechando o ciclo de utilização biológica. A proposta é uma aposta clara numa economia circular viva, na qual os insetos atuam como agentes naturais de reciclagem. Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas para confirmar que não há resíduos de espuma na cadeia alimentar, essa descoberta estabelece as bases para estratégias inovadoras de gestão de resíduos sólidos na Colômbia e em todo o mundo.

Silvia/ author of the article

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