Medidas simples para combater o stress, melhorar o humor e o equilíbrio interior. Novas pesquisas explicam por que às vezes exageramos na reação a situações cotidianas e qual é a relação entre o corpo, a energia disponível e a saúde mental. Após um longo dia, uma situação tão simples como chegar a casa e descobrir que alguém comeu o que estava no frigorífico pode provocar uma forte reação emocional. Pode interessar-lhe:Não é falta de vontade: como o corpo se «protege» das dietas e sabota a perda de peso
Em questão de segundos, o corpo reage com raiva, desapontamento ou irritação. Quando as emoções se acalmam, geralmente surge a pergunta: «Por que é que algo tão insignificante me afetou tanto?» A explicação não está no fato em si, mas no estado interno em que se encontra nesse momento: a reação é determinada pela presuposição com que encara o mundo. O corpo, a energia e o humor moldam o que vê e sente. A cada momento, o cérebro antecipa necessidades, avalia prioridades e prepara o organismo para satisfazê-las. A neurobiologista Lisa Feldman Barrett explica que o cérebro atua como um gestor do grande orçamento energético do organismo: a sua principal tarefa não é pensar ou sentir, mas manter a vida e o equilíbrio do organismo.
Manter o corpo requer energia. Cada ação, pensamento e emoção tem um custo metabólico. E, como em qualquer economia, às vezes surgem despesas imprevistas: stress, fome, discussões, sono ruim. O cérebro precisa gerenciar os recursos disponíveis para lidar com essas demandas e continuar a funcionar. Camilla Nord, investigadora de Cambridge, afirma que o cérebro humano trabalha constantemente para manter o equilíbrio, adaptando-se às perturbações da vida de uma forma que afeta a saúde mental.
A interoceção, a capacidade de registar sinais provenientes do corpo, permite detetar e reconhecer o estado desse equilíbrio. A qualquer momento, os órgãos, as hormonas e o sistema imunitário enviam informações sobre o estado do corpo. Normalmente, só prestamos atenção a isso quando usamos a concentração ou quando os sinais se intensificam, mas o cérebro interpreta constantemente esses dados para prever e manter o equilíbrio do organismo em condições de exigências diárias variáveis. Para isso, ele faz um resumo do que está a acontecer no organismo e no ambiente. Esse resumo é percebido como uma emoção: uma sensação geral debem-estar ou desconforto, mais ou menos expressiva. A emoção atua como um reflexo do estado de equilíbrio, como um sensor que mostra se as «contas internas» estão em ordem ou se há um défice.

Com base nisso, o cérebro forma sensações, pensamentos e emoções para manter o equilíbrio e estimular comportamentos que restauram a homeostase. Quando o equilíbrio é positivo, surge espaço para empatia, curiosidade, desejo e criatividade. Quando ele está «falido», podem surgir desespero, irritabilidade ou falta de motivação. Em outras palavras: o humor é um reflexo inespecífico, mas sensível, de como o organismo se sente por dentro.
Quatro chaves para melhorar a economia interna
Com pequenas ações diárias, é possível monitorar e preservar a energia disponível:
Dedique alguns segundos para avaliar o seu estado interno, isso ajudará a satisfazer as suas necessidades a tempo.
Se notar irritabilidade ou falta de motivação, isso pode ser um sinal de que as reservas de energia estão a esgotar-se. A alimentação e o sono são formas diretas de melhorar o estado interno.
Reserve alguns minutos para dar um passeio, ligar para um amigo ou acariciar o seu animal de estimação — isso pode dar energia extra para realizar as tarefas diárias.
Cuidar da economia interna inclui ter paciência em períodos de grandes mudanças, tentar reduzir temporariamente outras exigências e, assim, ter mais energia para essa necessidade situacional.
