Milhares de micróbios e microrganismos podem habitar esses objetos de uso diário, e ninguém percebe. Quais são as recomendações dos especialistas para prevenir doenças As garrafas, que se tornaram objetos de uso diário, podem conter milhares de micróbios e bactérias capazes de afetar a saúde se não forem limpas com a frequência e o cuidado necessários. Embora o seu uso tenha se tornado popular por razões ecológicas e de saúde, bem como pela conveniência em várias situações, a falta de higiene nesses recipientes pode expor os utilizadores a microrganismos potencialmente nocivos, o que torna necessária uma limpeza constante.
Este risco geralmente passa despercebido: o acúmulo de fungos no interior pode causar desconforto digestivo, infecções e até complicações mais graves em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido. A preocupação com este problema levou cientistas e profissionais de saúde a enfatizar a importância de manter esses recipientes limpos, especialmente em condições de uso intenso, como em casas, escritórios, escolas e academias.

Por que é necessário lavar constantemente garrafas reutilizáveis
Dados científicos confirmam a necessidade de limpeza frequente. Vários estudos demonstraram que as garrafas acumulam micróbios, independentemente do material de que são feitas. A água potável, embora considerada segura, contém microrganismos que podem multiplicar-se rapidamente quando armazenada à temperatura ambiente. A professora associada do departamento de microbiologia Primrose Freestone adverte: «Quanto mais tempo a água é armazenada à temperatura ambiente, mais bactérias se multiplicam». Por outro lado, um estudo mostrou que, mesmo quando se utiliza água fervida, a quantidade de bactérias no seu interior pode aumentar de 75 000 para mais de um ou dois milhões por mililitro em apenas 24 horas. Além disso, a principal fonte de contaminação não é apenas a água, mas também o próprio utilizador: cada vez que bebe, os microrganismos da boca e das mãos entram no recipiente, contribuindo para a colonização de espécies como a E. coli.
O risco aumenta quando as garrafas são partilhadas, pois doenças como o norovírus podem ser facilmente transmitidas. O consumo de bebidas que não sejam água, especialmente bebidas doces ou batidos proteicos, também contribui para o crescimento de fungos. «Tudo o que não seja água é um paraíso para as bactérias», disse Freestone, especialista na área. As consequências para a saúde podem variar de mal-estar leve, como dor de estômago ou garganta irritada, a diarreia e vómitos. Em pessoas com imunidade enfraquecida, o contacto com as bactérias presentes nas garrafas pode levar a infecções mais graves. Uma análise realizada no Reino Unido revelou a presença de Klebsiella grimontii, um organismo capaz de formar biofilmes resistentes e causar diarreia grave em pessoas que tomaram antibióticos recentemente.
Como limpar corretamente garrafas reutilizáveis
As recomendações dos especialistas são claras: a limpeza deve ser frequente e minuciosa. Michelle Knapper, enfermeira praticante, enfatizou que «isso é extremamente importante». O método mais eficaz consiste em lavar a garrafa com água quente a uma temperatura superior a 60 °C, usando sabão e uma escova adequada para limpar todos os cantos, incluindo a tampa. Fristone recomenda usar uma máquina de lavar louça com ciclo de desinfeção, agitar o recipiente e deixar o calor agir por dez minutos antes de enxaguar cuidadosamente.

As garrafas de plástico podem libertar bisfenol A e microplásticos, o que aumenta o risco de alterações hormonais e doenças crónicas. Para uma limpeza mais profunda, pode usar pastilhas de limpeza ou soluções de vinagre ou bicarbonato de sódio. É muito importante deixá-las secar ao ar, pois o ambiente húmido favorece a proliferação de microrganismos. Os especialistas recomendam lavá-las com água e sabão diariamente e realizar uma desinfecção mais cuidadosa pelo menos uma vez por semana. Se forem utilizadas para outras bebidas, devem ser lavadas diariamente.
Um estudo realizado por Karl Benke, especialista em segurança alimentar, revelou que mais de metade dos participantes partilhavam as suas garrafas e 15% admitiram que nunca as lavavam. O especialista observou que aqueles que utilizavam dispositivos como escovas ou máquinas de lavar louça alcançavam os níveis mais baixos de bactérias. Por outro lado, lavar apenas com água fria não é suficiente, pois não remove a biofilme, a camada viscosa na qual as bactérias se multiplicam facilmente. Freestone alertou: «Se a garrafa começar a cheirar mal, significa que deve ser deitada fora».
Que garrafas não devem ser utilizadas
Embora a carga bacteriana possa ser maior em garrafas de plástico, a facilidade de limpeza é o fator mais determinante para manter a higiene. As garrafas mais higiénicas são aquelas que permitem limpar todas as suas partes, incluindo os locais de difícil acesso. De acordo com os especialistas, as garrafas de aço inoxidável ou vidro são mais seguras e fáceis de limpar do que as de plástico No entanto, há outra razão para dar preferência a materiais como aço inoxidável ou vidro: os plásticos contêm aditivos químicos, como bisfenol A (BPA), que podem penetrar na água e estar associados a alterações hormonais e a um risco aumentado de doenças crónicas. «Eles estão fisicamente ligados ao plástico, o que significa que podem penetrar na água», explicou Amit Abraham, professor associado do Departamento de Ciências da Saúde Pública. Além disso, o próprio material pode decompor-se, aumentando a quantidade de microplásticos no líquido. Por isso, as opções em vidro ou aço inoxidável são alternativas mais seguras. Em qualquer caso, a chave para prevenir a exposição a bactérias e substâncias nocivas é manter uma higiene rigorosa e escolher recipientes que facilitem o acesso a todas as suas partes.
