A investigação observacional de quase 10 anos de acompanhamento, divulgada pelo The Washington Post, constatou um risco significativamente menor de doenças cardiovasculares e morte prematura em pessoas que caminhavam diariamente durante esse período e sem pausas Caminhar cerca de 15 minutos por dia reduz pela metade o risco de doenças cardíacas, de acordo com um estudo do UK Biobank
Reduzir pela metade o risco de doenças cardíacas e aumentar a esperança de vida pode estar ao alcance de uma caminhada diária de apenas 15 minutos. Foi o que sugeriu um estudo recentemente divulgado pelo The Washington Post, que destacou como uma atividade tão cotidiana e acessível como caminhar pode ter um impacto profundo na saúde cardiovascular e na longevidade. A descoberta, baseada em dados do UK Biobank e liderada pelo professor Emmanuel Stamatakis, da Universidade de Sydney, colocou em foco a importância da duração contínua da caminhada, além da simples contagem de passos.
Caminhar 15 minutos e o seu impacto na longevidade

O estudo publicado em outubro analisou os padrões de atividade física de mais de 33.000 pessoas, a maioria com mais de 60 anos, que não praticavam exercício físico formal e acumulavam menos de 8.000 passos por dia. O padrão de atividade física, e não apenas a quantidade de passos, influencia a saúde cardiovascular e a longevidade Os resultados mostraram que aqueles que agrupavam parte dos seus passos em caminhadas contínuas de pelo menos 15 minutos apresentavam aproximadamente metade do risco de desenvolver doenças cardiovasculares em comparação com aqueles que raramente caminhavam por tanto tempo seguido. Além disso, esses participantes tinham menos probabilidades de morrer por qualquer causa durante o período de acompanhamento, que se estendeu por cerca de uma década.
Segundo Stamatakis, «com a atividade física, sabemos que quanto mais, melhor, mas não tínhamos a certeza do papel do padrão dessa atividade». A análise indicou que a chave não está apenas em se movimentar, mas em como esse movimento é distribuído ao longo do dia, e que caminhadas prolongadas podem ativar de forma mais significativa os sistemas cardiovascular e metabólico do que caminhadas curtas.
Benefícios da duração e do padrão dos passos diários
A investigação, detalhada pelo The Washington Post, dividiu os participantes de acordo com a duração da sua caminhada mais longa do dia: 5 minutos ou menos, 10 minutos ou 15 minutos ou mais. Ao comparar os registos de atividade com os dados de saúde e mortalidade, os cientistas observaram que os benefícios para a saúde aumentavam com a duração contínua da caminhada, mesmo que o número total de passos diários fosse semelhante entre os grupos. Os especialistas especulam que caminhadas mais longas «ativam significativamente» os sistemas corporais, gerando adaptações que as caminhadas curtas não conseguem. Darren Warburton, cientista do exercício na Universidade da Colúmbia Britânica, classificou o estudo como «muito relevante» e destacou a sua contribuição para compreender a importância de manter-se fisicamente ativo. Agrupar os passos em intervalos longos ativa significativamente os sistemas cardiovascular e metabólico
O impacto positivo das caminhadas de 15 minutos foi especialmente notável em pessoas com menor nível de atividade física. Aqueles que davam menos de 5.000 passos por dia, mas ocasionalmente agrupavam parte deles em caminhadas de 10 ou 15 minutos, experimentaram reduções mais acentuadas no risco de doenças cardíacas e morte prematura do que aqueles que caminhavam mais ao longo do dia. Isso indica que, para aqueles que têm uma vida mais sedentária, incorporar caminhadas contínuas pode oferecer benefícios desproporcionalmente altos em comparação com aqueles que já são mais ativos.

Quantidade total de atividade versus duração das caminhadas
Embora o estudo tenha observado que caminhadas longas trazem vantagens adicionais, os autores e especialistas citados pelo The Washington Post insistiram que qualquer quantidade de atividade física é positiva. I-Min Lee, professora de epidemiologia em Harvard e coautora do estudo, enfatizou que “qualquer quantidade de atividade física é boa”. A investigação observacional não permite afirmar uma relação causal direta, mas mostra uma associação clara entre a duração das caminhadas e a redução dos riscos para a saúde. Como conclusão, os especialistas afirmaram que, embora caminhar por mais tempo seguido possa potencializar os benefícios, o volume total de atividade diária continua a ser o fator mais determinante. O estudo destaca que qualquer quantidade de atividade física é positiva para reduzir o risco de morte prematura
Dicas para incorporar caminhadas na rotina diária
Os especialistas recomendaram aproveitar qualquer oportunidade para caminhar, priorizando, quando possível, caminhadas contínuas de pelo menos 10 ou 15 minutos. Stamatakis e seus colegas sugeriram que, embora a maioria das pessoas não atinja os 150 minutos semanais de atividade física recomendados, mesmo pequenas adaptações na rotina podem fazer a diferença. Intensificar o ritmo das atividades diárias ou prolongar a duração das caminhadas são estratégias simples e acessíveis. Por sua vez, Warburton destacou a importância de encontrar formas de maximizar os benefícios da atividade física, adaptando-as às possibilidades e preferências de cada pessoa. A mensagem central é clara: movimentar-se mais, mesmo que seja em intervalos curtos, será sempre melhor do que não o fazer.
